CARTA AO CORREIO
Sylvia Cohin
Prezados senhores escrevo
um documento importante
e peço que distribuam
se possível, nesse instante.
Procuro pela alegria
no rosto da minha gente
fartura de pão e roupa
trabalho e comida quente!
Quero encontrar o Idoso
que sem viço espera a sorte
do amparo e da Saúde,
que afaste o temor da morte...
Procuro a Esperança perdida
no rosto do meu Irmão...
de tanto lutar na vida,
e ver que foi tudo em vão!
Ao Correio estou pedindo
que ache o pai desempregado,
a mãe que procura o filho,
um “menor abandonado”...
Visite as habitações
na barranca do ribeiro,
na solidão dos grotões,
a palhoça do roceiro...
Dos presídios não esqueça,
bandoleiros... marginais...
leve este alento e não meça,
muitos cá fora, são mais...
Quero encontrar esse povos
em Justiça e sem Defesa
que acredita no que dizem,
reparte a Fome na mesa!
Leve alento aos brasileiros
que da Pátria desertaram,
garimpando no estrangeiro,
o Ouro que lhes negaram.
Espalhe p’ra todo o povo
que o que procuro é banal,
um sonho que não é novo
e pode ser bem Real...
Vá à procura do abraço
guardado para o Amigo
e desfaça do embaraço
do ressentimento antigo...
Procure por mim as Crianças
que na espera temporal,
pedem cheias de Esperanças,
o seu Sonho de Natal...
Peço que corra, ligeiro,
o Ano está a findar
encontre no Mundo Inteiro,
quem não vai comemorar...
Preciso desses pedidos,
senão, p'ra que tanta festa
se no Lar dos Esquecidos,
se tem festa... é do que resta!
Assinado,Sylvia Cohin
Bahia - Brasil, 24.11.2004
Reeditado em Porto, 11.12.2007
http://chavedapoesia.blogspot.com